A doença renal crónica é uma doença provocada pela deterioração lenta e irreversível da função renal. Como consequência da perda de função, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, resultando na acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). São várias as doenças que podem provocar lesões nos rins e provocar a insuficiência renal crónica, nomeadamente a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, as glomerulonefrites crónicas e algumas doenças hereditárias. Nas fases mais avançadas os portadores desta doença necessitam de realizar regularmente um tratamento de substituição da função renal que poderá ser a hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.

O RIM DESEMPENHA UM CONJUNTO ALARGADO DE FUNÇÕES QUE PODEM SER CATEGORIZADAS DA SEGUINTE FORMA:

  • Manutenção da composição corporal, mediante eliminação de água e iões;

  • Excreção de produtos resultantes do metabolismo, como a ureia e a creatinina;

  • Produção e secreção de enzimas e hormonas, como a eritropoetina, hormona essencial à formação de glóbulos vermelhos e à ativação da vitamina D, indispensável à saúde do osso.

POR QUE RAZÃO DEVE SER A DOENÇA RENAL CRÓNICA MOTIVO DE PREOCUPAÇÃO?

  • A doença renal crónica é muito comum, afetando 8 a 10% da população adulta.

  • A doença renal crónica é uma doença que na sua fase inicial pode ser muito silenciosa clinicamente, apresentando-se sem sintomas, ou os sintomas podem ser muito poucos. Esta característica faz com que o seu diagnóstico possa ser tardio em muitos casos.

  • A morbilidade e mortalidade cardiovascular associadas à doença renal crónica, mesmo nas suas fases precoces, são muito elevadas. O diagnóstico precoce é muito importante porque permite intervenções terapêuticas que atrasam a progressão da doença para as suas fases avançadas em que os doentes necessitam de tratamento de substituição da função renal e permite diminuir o elevado risco cardiovascular.

  • Se a doença renal crónica for detetada precocemente e gerida de forma correta, a deterioração da função renal pode ser retardada e até mesmo revertida.

Como se trata de uma doença com poucos sintomas, a maioria das pessoas com doença renal crónica não sabe que é portadora desta doença. Daí a importância do seu rastreio ativo, através de análises ao sangue ou à urina, para permitir o diagnóstico precoce. Os doentes com hipertensão arterial, diabetes, obesidade e história familiar de doença renal são populações de risco para o desenvolvimento desta doença que deve ser ativamente despistada.

PRINCIPAIS SINTOMAS DE DRC
A doença renal crónica manifesta–se clinicamente de forma inespecífica durante uma grande parte da sua evolução:

  • Na sua fase mais inicial os sinto-mas podem ser muito poucos. Neste estadio, pode sentir-se a necessidade acrescida de urinar durante a noite (nictúria). Esta situação encontra-se relacionada com a diminuição da capacidade dos rins em reabsorverem a água e concentrar a urina.

  • Os doentes com doença renal crónica, apresentam muitas vezes hipertensão arterial associada à incapacidade dos rins eliminarem o excesso de sal e de água. Esta situação pode conduzir a problemas cerebrovasculares e/ou à insuficiência cardíaca.

  • À medida que a doença renal crónica progride e se acumulam substâncias tóxicas no sangue, o indivíduo cansa-se facilmente e diminui a sua agilidade mental. Com a acumulação de compostos tóxicos, instalam-se as alterações neurológicas e musculares, como espasmos musculares, fraqueza muscular e cãibras.

  • Alterações gastrointestinais como perda de apetite, náuseas, vómitos, inflamação da mucosa oral (estomatite) e um sabor desagradável na boca também ocorrem em fases avançadas. Estes sintomas podem levar à desnutrição e à perda de peso.

  • Os indivíduos que sofrem de doença renal crónica avançada desenvolvem frequentemente úlceras intestinais e hemorragias. A pele pode tornar-se castanho-amarelada. Alguns dos doentes que sofrem de doença renal crónica têm prurido generalizado.

ESTÁ DEMONSTRADO QUE A MELHOR FORMA DE REDUZIR A PREVALÊNCIA DA DOENÇA RENAL CRÓNICA É A PROMOÇÃO DE PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA.

 

ESTADIO 1
TFG Normal ou Elevada (TFG > 90 ml/min)
ESTADIO 2
DRC Ligeira (TFG = 60-89 ml/min)

Poucos sintomas de doença renal crónica. A doença é diagnosticada quando se verificam as seguintes condições:

  • Tensão arterial alta

  • Valores de creatinina ou ureia no sangue mais elevados do que o normal

  • Sangue ou proteína na urina

  • Evidências de lesões renais detetadas através de Ressonância Magnética, TAC, ecografia ou Raio-X de contraste

  • Um historial familiar de doença renal poliquística

 
ESTADIO 3
DRC Moderada (TFG = 30-59 ml/min)

Existência de anemia (escassez de glóbulos vermelhos) e/ou o aparecimento de doença óssea precoce

 
ESTADIO 4
DRC Grave (TFG = 15-29 ml/min)

Quando a TFG desce para 30, a maioria das pessoas tem de consultar um especialista em doenças renais (um nefrologista). Uma TFG abaixo de 15 indica que é necessário avançar para diálise ou transplante renal.

 
ESTADIO 5
DRC na Fase Terminal (TFG <15 ml/min)

Os doentes com doença renal crónica na sua fase mais avançada, o estadio 5 – quando só uma pequena percentagem do rim se encontra a funcionar – necessitam em determinada altura, para poderem viver, de efetuar um dos tratamentos de substituição da função renal, que podem ser a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal.